As mudanças nos padrões alimentares das pessoas estão ocorrendo em todo o mundo, impactando significativamente a agricultura, os mercados e comércio de alimentos globais, e, com consequências para o bem-estar e a saúde humana.
Este artigo objetiva apresentar uma perspectiva de agricultores familiares do Sul do Brasil sobre as mudanças em andamento no padrão de consumo alimentar da sociedade.
Fez-se a opção pela abordagem de pesquisa qualitativa, exploratória e descritiva. Os dados foram obtidos utilizando-se da técnica de grupo focal e de questionário estruturado. As mudanças nos padrões de consumo são fortemente percebidas como oportunidade pelos agricultores. Em decorrência da aplicação de grupo focal, se permitiu aproveitar da tendência humana de formar opiniões, quando da interação entre os agricultores durante as sessões realizadas. Além disso, pelo fato das discussões terem sido conduzidas com diferentes grupos, se identificou também as narrativas mais presentes e as tendências na percepção sobre os assuntos abordados nas reuniões.
A partir da narrativa dos agricultores emergiram cinco categorias intermediárias de análise sobre as mudanças nos padrões de consumo: (1) mercado; (2) qualidade; (3) alimentos orgânicos; (4) tecnologia; e, (5) tabaco.
Sinteticamente, entre as principais evidencias reveladas, constam: a preocupação com a necessidade de acompanhar o mercado e de produzir para atender a sua demanda; a necessidade de entregar qualidade para atender as expectativas do mercado, como um meio para ter renda e sobreviver; a produção de alimentos orgânicos, entre as tendências e projeções do consumo de alimentos; a valorização e a percepção sobre as mudanças tecnológicas em andamento como uma oportunidade, evidenciando a necessidade da modernização tecnológica; e, a justificativa da opção pelo cultivo de tabaco, em decorrência de trabalharem num contexto de pequenas propriedades rurais.
O entendimento de como os agricultores percebem as mudanças no consumo alimentar é relevante para se estabelecer estratégias e se definir as ações a serem implementadas, especialmente, no âmbito dos estabelecimentos agropecuários e nas cadeias de produção em que operam. Artigo na integra
Ano: 2018
Autores:
Luis Augusto Araújo; Epagri/Cepa
Antônio Marcos Feliciano; Epagri/Cepa
Marcelo Alexandre de Sá; Epagri/Cepa
Léo Teobaldo Kroth; Epagri/Cepa